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27/03/2021
Durante audiência, lideranças religiosas dão a aval a carta aberta sobre pandemia
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Em audiência nesta sexta-feira (26) sobre o tema “Ecumenismo e tolerância religiosa”, promovida pela vereadora Edna Sampaio (PT), que reuniu representantes de religiões cristãs, não cristãs e de movimentos sociais do segmento religioso, foi discutida a ação conjunta entre diferentes vertentes religiosas diante do cenário de pandemia e de ausência do estado e manifestações de intolerância.

Durante o evento, os religiosos se comprometeram a assinar a carta aberta que está sendo divulgada pela vereadora, na qual cobra medidas dos executivos municipais para promover o controle da pandemia em Cuiabá, entre elas a garantia de renda para desempregados e pessoas em situação de pobreza, testagem em massa e criação de uma “sala de situação” multidisciplinar com profissionais de diversas áreas do conhecimento para pensar estratégias de enfrentamento à doença.

Edna enfatizou a importância da democracia e do Estado laico para garantir o direito de cada um a expressar sua religiosidade.

Para a vereadora, ecumenismo e tolerância são temas interessantes de debate do Estado laico. No espaço público, não se defende uma fé, mas o direito individual à crença. “As práticas religiosas não são descontextualizadas da sociedade, estão sempre inseridas em um contexto histórico, social, político e econômico que precisa ser enfrentado, por isso o meu zelo pelo debate público. Se deixamos que o estado seja aprisionado por quem toma a religião como sua única verdade, reproduzimos aquelas violências que o estado já foi capaz de fazer em nome de uma fé”.

Foram discutidos a relação entre a pandemia de Covid-19 e a pobreza gerada pelo capitalismo a crise da democracia, o acirramento ao ódio, a cultura da indiferença, o agravamento dos conflitos sociais, o aumento da violência e da intolerância religiosa.

Marilza José Lopes Schuina, do Conselho Nacional do Laicato do Brasil e Fórum Estadual de Direitos Humanos, lembrou os mais de 300 mil mortos por Covid-19 registrados no país e destacou a defesa da vida de todos os povos.

“Um estado que segue atrelado a essa economia de mercado, que tem dúvida se vai escolher salvar a vida ou a economia, esse dilema que coloca a vida como descartável e prioriza as relações de mercado, como falar de fraternidade de união, de amor, de sociedade nesse contexto em que estamos inseridos? Esse é o desafio que está posto em nosso cotidiano: o Brasil se afundando em uma série de situações de violência e, em nome da economia, aumentamos o sofrimento das pessoas, que resposta dar a essa política desumana?”.

Entre as respostas apontadas estão o diálogo entre diferentes povos, o cuidado com o espaço comum, a desmilitarização do estado e a criação de políticas públicas.

Para o reverendo Hugo Armando Sanches, da Igreja Anglicana, esta é uma das campanhas da fraternidade mais difíceis de serem realizadas, diante do quadro político atual.

“A campanha vem nos tirar deste lugar de conforto quando diz que o que estava dividido se faz unidade. É uma das campanhas mais difíceis que temos enfrentado, pois sofremos um bombardeio dos membros chamados pseudo-conservadores, mas ela nos traz o tema do diálogo e dialogar neste momento é desafiador”.

“Temos muita alegria em participar, em um momento em que nossa cultura está sendo tão discriminada, tão prejudicada, quando vemos templos nossos sendo destruídos”, disse o Pai Edézio, um dos representantes das religiões de matriz africana presentes, que citou as violências sofridas por seguidores e espaços de culto no país, e as associações negativas feitas com as divindades das religiões de matriz africana, ressaltando a importância de valorizar as raízes africanas das manifestações religiosas, historicamente discriminadas.

Outra participante da atividade, a diretora do Sintep Cuiabá, Helena Bortolo, disse que as pautas defendidas pelas campanhas da fraternidade, ao longo dos anos, sempre foram sobre questões cruciais para a melhoria de vida do povo brasileiro, mas que a relevância disso no cenário político atual mudou.

“Todas essas discussões das políticas sociais foram prementes, mas, neste ano, notamos que houve uma discussão muito exacerbada, voltada com ódio, portanto a direção da subsede se fez presente para reiterar nossa postura de diálogo”.

De acordo com o coordenador geral da campanha no estado, Luís Lopes, a realidade social do país, ao longo dos anos, tem se mostrado muito diferente daquilo que se prega nas campanhas da fraternidade, promover o diálogo fraterno.

“Há uma polaridade dentro da igreja com relação a este tema, que busca o entendimento e a fraternidade entre todos os cristãos, independentemente da religião. Cada uma destas campanhas sinaliza que o diálogo é o nosso melhor testemunho enquanto dialogamos, construímos”, disse ele.

Segundo ele, a campanha da fraternidade foi criada pela igreja católica nos anos 1960, tornando-se nacional quatro anos depois, sendo realizada somente no Brasil.

Das 58 campanhas, 53 foram elaboradas pela CNBB e cinco pelo Conselho nacional das Igrejas Cristãs (CONIC), do qual fazem parte as igrejas católica, Síria Ortodoxa de Antioquia, Episcopal Anglicana, Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, Presbiteriana Unida e Cristã Reformada.

“Esta campanha da fraternidade de fato incomoda algumas pessoas em todos os âmbitos, tanto da igreja quanto da política porque vai justamente nos provocar ao diálogo não agressivo e não propositivo de um debate polarizado, um diálogo fraterno, este é o objetivo”, comentou ele, afirmando que as campanhas sempre tiveram como base o diálogo.

“A CFC 2021, ao debater a unidade proporcionada pela vida de Jesus Cristo, denuncia a separação social e a divisão econômica, social e cultural.  O pacto social deve se fundamentar no amor que gera mudanças profundas, criando comportamentos humanos de respeito mútuo, solidariedade, justiça e diálogo. Jesus Cristo é contra violência e morte e pela vida com dignidade e paz fruto da justiça”, comentou o pastor Teobaldo Witter, representante do CONIC Cuiabá.

Também esteve presente o pastor Adriel Rach, representando a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil em Cuiabá.

Além das organizações religiosas, participaram representantes do Movimento Sem Terra, do Movimento das Pessoas com Deficiência e o representante do secretário de governo, Luis Cláudio Castro, Oséas Machado.

Neusa Baptista/Assessoria de Comunicação Vereadora Edna Sampaio



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