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“Falta de políticas públicas voltadas às pessoas com deficiências” é a principal barreira enfrentada por aqueles que durante toda a vida buscam mecanismos de maior acessibilidade, independente dos segmentos, como: Educação, Saúde e Transporte, segundo o presidente da Associação dos Síndrome de Down de Mato Grosso (ASDMT), Heron Carlos Alves de Souza.

O evento, de autoria do vereador Mário Lúcio (PMDB) realizado na Câmara Municipal de Cuiabá, registrou inúmeras reclamações e críticas relacionadas às ações dos gestores locais, às pessoas com deficiências, de forma geral. Heron destaca, que nem mesmo as estatísticas são precisas em relação a elas e o número levantado de pessoas com Down foi realizado de forma parcial e a partir das instituições onde os mesmos estão inseridos. Trezentas crianças e adolescentes têm Síndrome de Down, na Grande Cuiabá, mas o número diz respeito apenas aos associados da entidade e outros matriculados em escolas com Educação Especial, de Cuiabá e Várzea Grande.

“Não adianta ter uma associação e uma diretoria e não ter associados. Precisamos de ações voltadas a essas pessoas (com Síndrome de Down)”, destacou Heron. O presidente da Associação ainda enfatizou os trabalhos realizados no local, através das próprias mães das crianças associadas. Disse que os trabalhos, na maior parte artesanatos, são orientados por elas, de forma a inserir as crianças na sociedade como um todo, evitando a exclusão daquelas que, em muitas situações são consideradas como “diferentes” na sociedade. O voluntariado se deve à falta de mão de obra qualificada, ou seja, pessoas habilitadas à Educação Especial.

Além dos problemas destas pessoas, a audiência serviu para conscientizar a sociedade em geral, com relação à data de 21 de março, que foi definida como “Dia Internacional da Pessoa com Síndrome de Down”. Estiveram presentes no evento, o secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, Euze Carvalho; Zenaide Trindade, gerente de Educação Especial do Município; Marcino Oliveira; da Gerência Especial da Seduc; Juarez Albuês, vice-presidente da Associação dos Cegos; vereador Luiz Marinho, entre outros representantes, além de muitos pais de crianças com Down.

O vereador Mário Lúcio criticou os prédios públicos do município, que segundo ele, não dão acessibilidade a pessoas com deficiências. Citou como exemplo os prédios onde alojam as secretarias de Saúde e Educação. “As estruturas são de verdadeiros labirintos e sem contar que desde a entrada já deparamos com o meio-fio, calçadas altas e escadarias. Temos que levar em conta a tecnologia que hoje nos possibilita a percepção de inúmeros acontecimentos, praticamente em tempo real e, no entanto, vivemos situações tão primárias que não evoluem. O Ministério Público Estadual foi premiado nacionalmente pela Campanha de Acessibilidade realizada no final do ano passado, é um mérito. Mas, é bom destacar que não queremos prêmios, queremos acessibilidade, poder ir e vir sem barreiras. É chato falar disso a todo instante, mas “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e em algum momento, tudo isso precisa ser mudado. Um dia nossos gestores serão velhinhos e aí sentirão na pele a falta de acessibilidade, mas também não podemos mais esperar tanto tempo, precisamos evoluir”, completa o vereador.

Outra situação de destaque foi o transporte coletivo da capital. Para o vereador, que vem lutando incessantemente pelo passe livre das pessoas com deficiências e seus acompanhantes, infelizmente em Cuiabá, essas pessoas vivem à margem do transporte. “Deficiente não usa carro apenas para casa – escola e médico”, demonstrando a necessidade de acessibilidade também voltada ao lazer e outras práticas cotidianas da vida.

Assessoria: Secom CâmaraCba/Gleid Moreira